A Mãe D’água é uma sereia que vive no São Francisco e vem à tona à meia-noite, quando o rio dorme.
Os barqueiros explicam que, à meia-noite, o São Francisco dorme por dois ou três minutos. As águas se aquietam, as cachoeiras deixam de cair, os peixes se deitam no fundo do leito, as cobras perdem seus venenos, todas as criaturas descansam, e as almas dos afogados seguem para as estrelas. Nesse instante, a belíssima Mãe D’água vem à superfície e procura uma canoa onde possa se sentar e pentear seus longos cabelos.
Mas se um pescador vê essa sereia, é tomado por um feitiço. Não adianta chamá-lo – o amaldiçoado ganha um olhar vazio, perde o destino, enlouquece e, por fim, acaba desaparecendo.
Outro perigo é incomodar o rio em seus minutinhos diários de sono. Um barqueiro que sentir sede na calada da noite, portanto, deve jogar um pedacinho de madeira na água e observá-lo. Se o graveto ficar parado, convém esperar para matar a sede, evitando tocar as águas e interromper seu descanso.
Fonte: Guia Ilustrado de Peixes do Rio São Francisco de Minas Gerais.